Diário de Bordo - Jonas

 

25/05/2006 – Iate Clube – Cidade

Treinei mais um pouco fazer rede e saímos para passear. Fomos no Forte São Mateus, que é superlegal, passeamos pela praia do Forte, paramos em uma pracinha aconchegante e continuamos pela beira-mar, passando por pontes e por vários barquinhos. Então chegamos na “Casa dos 500 Anos”, que tem uma exposição sobre os 500 anos de Cabo Frio (1503-2003). É superlegal! Tem várias maquetes e antigas cartas náuticas!!! Depois compramos algumas coisas e voltamos para o barco, onde estudei e li o “Senhor dos Ladrões”.

 

26/05/2006 – Iate Clube – Praia do Forte

De manhã acabei a rede e logo após fomos à praia do Forte. Andamos uma parte da praia e começamos a brincar nas dunas. Quando estávamos esbaforidos, resolvemos brincar nas ondas. Mesmo com o show de tombos e tendo engolido bastante água, valeu a pena. Chegando no Iate Clube assistimos um pouco do filme “Tubarão” (segundo o pai, cheio de cortes) e rimos muito quando o pai nos contou que, quando viu no cinema, ficou com medo de entrar até em piscina (há, há, há). Voltamos para o barco e dormimos feito pedras.

 

27/05/2006 – Iate Clube – Praia do Forno

Logo cedo o pai e a Carol foram buscar a Lu na rodoviária, pois eu não me agüentava em pé de tanto sono. Quando acordei eles já haviam voltado e a Lu nos entregou vários presentes da minha avó e da Mô. Ficamos brincando um tempão enquanto o pai e a Lu dormiam. Então levantamos âncora e saímos para Arraial do Cabo. Os trinta-réis e gaivotas davam um show de manobras enquanto o Fandango velejava, por vezes distraindo a Lu que estava no leme, mas não houve problemas. Ancoramos na praia do Forno e logo depois desembarcamos. O pai e a Lu foram comprar isca enquanto eu e a Carol brincávamos na praia. De volta ao Fandango pescamos um pouco e dessa vez foi a Lu quem se destacou: pegou 3 das 5 cocorocas e, de quebra, um cação-viola! Devolvemos o cação-viola para a água e nos divertimos com a cara que a Lu fez ao saber que era um cação e não uma raia. Li mais um pouco do “Senhor dos Ladrões” e dormi, exausto.

 

28/05/2006 – Praia do Forno

Depois do café da manhã encontramos uma sacola de pão estragado que alegrou a vida das gaivotas da praia e também a nossa, pois elas fizeram o maior show de manobras aéreas. Então chegou o Fernando, um conhecido do pai que, por coincidência, estava aqui em Cabo Frio com seu barquinho “Estrela D’Alva”. O Edélcio também veio conhecer o barco e nós ficamos conversando por um tempo. Depois fomos mergulhar, mas eu não fiquei muito tempo dentro da água, em parte pelo frio e em parte por que vimos, no dia da chegada em Arraial, um cara que tinha acabado de sair da água (ele estava fazendo caça submarina) com uma enorme barracuda! Almo-jantamos a bordo do Tikii (o barco do Edélcio): teve macarrão ao molho de atum (feito pelo pai), tainha assada, risoto e salada (hummm...). No Fandango eu acabei “O Senhor dos Ladrões” e dormi.

 

29/05/2006 – Praia do Forno – Cabo Frio

Fomos cedo para a praia e eu e a Carol começamos a brincar de castelo de areia. No começo estava ótimo, mas depois não dava nem para construir sem a água arrasar. Fomos para Cabo Frio e no meio do caminho sentimos um cheiro diferente, parecido com maresia, que o pai identificou como sendo característico de baleia. Ficamos na maior expectativa, mas se havia alguma baleia ela não deu as caras. Fomos novamente até o forte e depois levamos a Lu na rodoviária. Abastecemos o barco e eu fui dormir exausto.

 

30/05/2006 – Cabo Frio – Arraial do Cabo

Começamos o dia com uma péssima notícia: a amiga e colega Kat Schürmann morreu no domingo. Ela pode ter vivido pouco, mas aproveitou a vida mais do que muita gente que eu conheço. Para piorar a situação, o vento estava bem na cara e não pudemos seguir viagem para Búzios, preferindo voltar a Arraial do Cabo. Fizemos compras, almoçamos e fomos no Museu Oceanográfico da Marinha, super legal. Tem balas de canhão, coisas das duas guerras mundiais, um esqueleto de orca e muito mais. Conversamos com o Claudinei e com o Edélcio e voltamos para o barco. À noite nós mudamos o barco de lugar e lemos “Do Rio à Polinésia”.

 

31/05/2006 – Arraial do Cabo - Praia do Forno

Descemos em terra cedo e fomos passear em Arraial. Depois conversamos com o Claudinei e com o Edélcio no Tikii e em seguida fomos para o Fandango e içamos âncora. Como o vento contra continuava, paramos na praia do Forno e começamos a pescar. Pegamos poucos peixes. Vários minúsculos (não identificados), algumas pequenas cocorocas e 2 cangulos, parentes dos peixes-porco (e tão burros quanto) bem grandes. Acabamos soltando todos assim que eram pescados (os cangulos porque eram tão bonitos que dava pena comer) e jantamos risoto e lula à provençal (hummm...). À noite lemos “Do Rio à Polinésia” e dormimos.

 

01/06/2006 – Praia do Forno – Búzios

De manhã começamos a preparar o barco para ir para Búzios. Ia tudo muito bem até que chegou a hora de fechar a gaiuta. Eu subi na gaiuta enquanto o pai tentava fechá-la. Não deu certo. Então invertemos os papéis e mais uma vez não funcionou. Então a Carol pediu para tentar. O pai respondeu: “- Não, Carol, você não vai conseguir.” Então pensou um pouco mais e acrescentou: “- Mas se quiser pode tentar.” E lá foi a Carol. Primeiro foi só o pai em cima da gaiuta, mas depois ela pediu para eu subir também. E não é que ela conseguiu?! Resultado: o pai teve que aturar 5 horas de provocações do tipo: “- Viu, eu não disse que conseguia?” ou “- Cavou a própria cova!”. A viagem até Búzios foi, literalmente, de vento em popa. Só com a genoa aberta, chegávamos a 6 nós! Era praticamente o mesmo temporal da travessia Rio-Cabo Frio, só que agora tudo favorável! Já em Búzios, conseguimos arranjar uma poita e eu e a Carol “fizemos” uma carta náutica. À noite estudamos e lemos “Do Rio à Polinésia”.

 

02/06/2006 – Búzios

Saímos para passear bem cedo. Primeiro pegamos uma estradinha que dá nas belas praias Azeda e Azedinha, que tem uma peculiar característica: a areia é vermelha! Depois voltamos, arranjamos um mapa e fomos para o centro pela beira-mar, passando por duas estátuas muito bem feitas: uma de Brigitte Bardot e uma de Juscelino Kubitschek. O centro de Búzios é muito bonito (apesar das coisas serem mais caras do que em qualquer lugar que eu conheço) e tem uma grande variedade de gente, mesmo fora de temporada. Passeamos muito e encontramos alguns lugares com preço bom no meio de todos aqueles preços exorbitantes. De volta ao barco, demos uma ordem nos brinquedos e, como aula traduzimos as instruções (em inglês) do jogo “Zigity”, que ganhamos de Natal de minha tia Marilena. Depois jogamos o “Zigity” até tarde e então “capotamos” de sono.

 

03/06/2006 – Búzios

Comecei o dia com uma surpresa agradável: depois de tanto pedir, o pai estava fazendo panquecas! Após este café da manhã delicioso, fomos passear. Visitamos a praia de João Fernandes (cheia de gringos) que também tem areia vermelha e é bem bonita. Depois fomos em um mirante no alto de um morro. Dá para chegar lá de carro, mas como estávamos a pé e a subida é muito inclinada, chegamos ao topo esbaforidos. Mas a vista valeu a pena. Dava para ver tudo em volta! Até o Fandango! Depois pegamos uma carona com um casal de cariocas muito simpáticos até o centro. Passeamos e compramos algumas coisas e então voltamos para o barco. À noite, no meio de uma partida de Zigity, levamos um susto quando o gurupés de uma escuna apoitada atrás de nós, raspou no estai de popa do Fandango. Passado o susto, continuamos o jogo, porém maus uma vez o gurupés da escuna avançou, desta vez quase arrancando a antena de rádio! Aí não deu mais para aturar. Saímos da poita e ancoramos em outro lugar, indo dormir logo depois.

 

04/06/2006 – Búzios

Assim que acordamos fomos para uma poita, mas pouco tempo depois estávamos tendo mais problemas com escunas: uma chamada “Miss Búzios” ameaçava bater no Fandango. Tendo recolhido o cabo e vendo que parecia ter resolvido, fomos passear. No caminho encontramos um cara limpando um imenso baiacu-verde com, segundo o pai, uns quatro quilos! Passeamos pelo centro e voltamos para o barco. À noite, “transformamos” o barco em estaleiro para fazer dois barquinhos de garrafa pet: o “Gaivota” (meu) e o “Brasil” (da Carol). Aproveitamos o tempo de sobra para jogar Zigity.

 

05/06/2006 – Búzios

Fomos para terra logo cedo para passear de buggy. Conhecemos o Walter, dono da “Buggy Car” (que aluga buggy’s em Búzios), que é super simpático e nos deu várias dicas de passeio. Alugamos um buggynho azul e depois de abastece-lo, fomos à praia do Forno, pequena e também com areia vermelha. Chegando lá vimos uma fortíssima arrebentação, resultado de grande ressaca que se abateu na região. A próxima parada foi a praia de Geribá, com ondas ainda maiores e um banco de mariscos destroçado. Havia milhares de mariscos quebrados e mortos, um grande exemplo da fúria do oceano. Fomos também nas lindas praias da Ferradura e da Tartaruga, estas sem tanta arrebentação. Ao voltar para o barco levamos um susto: havia um buraco (pequeno) no espelho de popa do Fandango! Ficamos sabendo que o veleiro apoitado atrás de nós tinha uma haste de metal na popa que acabou furando o casco de fibra do Fandango. À noite não fizemos lá grande coisa: estudamos e dormimos.

 

06/06/2006 – Búzios – Guarapari (travessia)

Quando coloquei a cara para fora da cabine percebi que havíamos saído de Búzios. Perguntei para o meu pai onde estávamos indo e confirmei o que já esperava: estávamos começando a travessia de, pelo menos, 24 horas de Búzios (RJ) à Guarapari (ES), passando pelo temido cabo São Tomé. O São Tomé tem tudo para ser considerado o pior trecho da costa brasileira: o intenso tráfego marítimo (tanto de enormes navios quanto de pequenos barcos de pesca, o vento quase sempre nordeste (bem na cara de quem sobe a costa) e o enorme banco de São Tomé, que avança 8 milhas (mais ou menos 16 quilômetros) mar adentro. No início da travessia havia tão pouco vento que nós andávamos apenas com o motor e pela primeira vez não vi nada em volta. Nem vestígio de terra! Primeiro fiquei com um pouco de medo, mas depois me senti como se os problemas tivessem sumido junto com o continente. A paz era total no mar, perturbado apenas por um navio passando ao longe e um Atobá brincalhão dando rasantes sobre o barco. Para me distrair inventei de estudar história, matéria na qual estou muito adiantado, no capítulo 17 do livro. Decorei uma música (que estava no livro) da época da ditadura militar chamada “Para Não Dizer Que Não Falei das Flores” e fiquei desenhando até cansar. Ao anoitecer o vento aumentou e permitiu-nos içar panos. Andávamos a sete nós e já tínhamos o cabo São Tomé pelo través. Por incrível que pareça, a travessia, antes tão temida, estava sendo a melhor e mais gostosa da viagem! Vi pela primeira vez as luzes de plataformas de petróleo, que davam a impressão de que a costa ficava para o outro lado. No final o sono venceu e eu fui para a minha  aconchegante cama de popa. Cheguei a conclusão que velejando se aprende a dar valor às coisas simples da vida, como uma comida boa, uma cama quentinha e um banheiro que não fique chacoalhando!

 

07/06/2006 – Guarapari

Ainda estávamos navegando quando acordei. Antes do meio-dia já avistei terra! Ao meio-dia procurávamos um lugar para parar. A Divisão de Apoio Operacional da Marinha nos ajudou a escolher. Ficamos em uma vaga no porto de Guarapari. Depois de arrumar o barco fomos para o restaurante João de Barro onde comi um delicioso almoço, comemorando o marco de termos ultrapassado o São Tomé. Ficamos amigos do Luís, o dono do restaurante e voltamos para o barco, onde conhecemos o Mauro, um velejador muito simpático. Então fomos passear na cidade. Fomos em lojinhas e no shopping para ver o que estava passando no cinema. À noite estudei e dormi.

 

08/06/2006 – Porto – Cidade - Expomar

De manhã fomos procurar um lugar para tomar banho. Acabamos achando a pousada “Roma Antiga” onde tomei um delicioso banho quente. Depois fomos para a lavanderia deixar a roupa suja e fomos passear. Vimos algumas praias, uma igreja de 500 anos de idade e as ruínas de outra igreja. Almoçamos e em seguida fomos ao ExpoMar, o aquário de Guarapari. Lá é muito legal: tem piranhas, robalos, um tipo de siri que sobe em árvores, um tanque de toque, as maiores lagostas que eu já vi, um filhote de tubarão que fica “sambando” no tanque e enormes lambarus (tubarões-lixa) e muito mais! Voltamos para a cidade e eu comprei o último livro da série “Artemis Fowl”. No barco trabalhei mais no meu barquinho e estudei.

 

09/06/2006 – Barco – Restaurante – Casa do Mauro

Logo cedo eu e o pai abastecemos o barco com diesel. Fizemos duas viagens levando um tanque de dez litros cada um. Depois o Mauro nos pegou para irmos a um restaurante. Conhecemos a Cristina, esposa do Mauro, que é superlegal. Almoçamos vendo o primeiro jogo da copa (Alemanha x Costa Rica) e fomos na casa do Mauro, onde acabamos de ver o jogo e conversamos muito. Também fomos apresentados ao “Kalunga”, um motor-home que o Mauro está fazendo para eles viajarem. Depois eles visitaram o Fandango, nós fomos a uma feirinha e depois fomos dormir.